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Por quê pesquisar novas moléculas contra o câncer?
A organização mundial de saúde define o câncer como um conjunto de centenas de doenças que compartilham características como crescimento celular descontrolado, invasão dos limites teciduais e estabelecimento de tumores secundários (metástases) em qualquer local do corpo. Devido a sua alta complexidade biológica e resistência aos tratamentos disponíveis, o câncer está entre as maiores causas de morte por doença no mundo, e vem crescendo devido a diversos fatores, dentre eles o aumento da expectativa de vida e o estilo de vida. Os tratamentos disponíveis promovem a cura de aproximadamente 50% destas doenças, mas a outra metade, milhões pessoas ainda não possuem opções curativas.
Sobre nossos projetos de pesquisa
Como se desenvolve um quimioterápico anticâncer?
Dentre várias estratégias, o tratamento do câncer pode ser realizado tanto eliminando células tumorais utilizando moléculas citotóxicas, como melhorando a capacidade do sistema imunológico atacar as células tumorais. Para uma molécula se tornar um medicamento são necessárias diversas etapas de estudos. Inicia-se pela descoberta de moléculas bioativas, seguida pela investigação dos mecanismos de ação em vários modelos experimentais (estudos pré-clínicos). As moléculas mais promissoras, selecionadas a partir de dezenas de milhares de moléculas ativas, são então estudadas em seres humanos. Se a toxicidade for baixa, ou passível de manejo, e as respostas antitumorais forem satisfatórias, a molécula poderá se tornar um quimioterápico. A pesquisa e desenvolvimento de um novo quimioterápico anticâncer leva de 20 a 30 anos desde sua descoberta até a aprovação do uso na clínica.
Palythoa variabilis
Colônia do zoantídeo P. variabilis em poça de maré. Praia Morro do Chapéu, Taíba, São Gonçalo do Amarante-CE. Por Diego Wilke.
Palythoa caribaeorum
Colônia de "Baba-de-boi" (P. caribaeorum) em poça de maré. Praia Morro do Chapéu, Taíba, São Gonçalo do Amarante-CE. Por Diego Wilke.
Zoanthus sociatus
Colônia do zoantídeo Z. sociatus em poça de maré. Praia de Iparana, Caucaia-CE. Por Diego Wilke.
Euherdmania sp.
Colônia da ascídia Euherdmania sp. em poça de maré. Icapuí-CE. Por Diego Wilke.
Eudistoma vannamei
Colônia da ascídia E. vannamei em poça de maré. Praia Morro do Chapéu, Taíba, São Gonçalo do Amarante-CE. Por Diego Wilke.
Dyctiota mertensii
Alga parda D. mertensii. Coletada em Flexeiras, Trairi-CE. Por Pedro Carneiro.
Placa com bactéria marinha isolada
Colônias de bactéria marinha
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Como escolhemos as espécies que estudamos?
As espécies estudadas são organismos com aspectos frágil à primeira vista. Espécies animais ou vegetais que possuem corpo mole, vivem fixados ao substrato e sem carapaças são potenciais produtores ou acumuladores de moléculas tóxicas. Essas moléculas tóxicas servem para defesa contra predadores como forma de compensar sua vulnerabilidade. Milhares de moléculas obtidas de organismos marinhos, chamadas de produtos naturais marinhos, são citotóxicas. Além dos macroorganismos, os microorganismos também são uma fonte extremamente promissora de moléculas com atividade biológica e vivem em íntima associação com macroorganismos ou livres no ambiente. Os microorganismos, principalmente as bactérias marinhas, tem sido apontados como os reais produtores da maior parte das moléculas bioativas isoladas inicialmente de invertebrados marinhos. Por isso também estamos realizando projetos de prospecção de moléculas com potencial anticâncer a partir de bactérias marinhas. Para saber mais, clique aqui.
Financiamento
A realização dos projetos requer investimento financeiro considerável, desde a coleta até caracterização das estruturas das moléculas e dos seus mecanismos de ação, pois utilizamos equipamentos com tecnologia de ponta e reagentes analíticos. Os recursos para realização dos nossos projetos de pesquisa científica são de origem pública, tal como na maioria das instituições acadêmicas do mundo todo. As principais fontes de financiamento brasileiras são Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES) a nível federal, e Fundações de apoio a pesquisa (FAPs) dos governos estaduais. No Ceará a nossa FAP é a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP). A Marinha do Brasil (SECIRM), colabora de forma decisiva viabilizando as expedições para ilhas oceânicas brasileiras. O investimento em pesquisa científica é fundamental para melhorar, dentre outros, a saúde e bem estar das pessoas e dos ecossistemas, mas é também altamente estratégico para soberania do país, pois vivemos na era da economia do conhecimento. A reflexão de Walter Oswaldo Cruz, transcrita abaixo, resume bem o aspecto estratégico do investimento em ciência para a soberania do país.
"Meditai se só as nações fortes podem fazer ciência, ou se a ciência que as torna fortes"
Visão geral do planejamento dos nosso projetos
Os projetos realizados no LaBBMar contemplam as etapas mais iniciais da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, a saber, a descoberta de novas moléculas e o estudo pré-clínico daquelas mais promissoras. Isto inclui desde a coleta das amostras na nossa costa e ilhas oceânicas brasileiras até a identificação da estrutura e elucidação dos mecanismos de ação das moléculas bioativas encontradas. Desta forma, a realização dos nossos projetos ocorre em colaboração com equipe multidisciplinar composta por biólogos, ecologistas, microbiologistas, bioinformatas, químicos e farmacologistas. A figura abaixo ilustra as etapas envolvidas na pesquisa de moléculas citotóxicas contra células tumorais obtidas de bactérias marinhas que realizamos no LaBBMar. Clique nas diferentes etapas da figura abaixo para saber mais detalhes.
Etapas da pesquisa e desenvolvimento de quimioterápicos anticâncer
Por quê estudar organismos marinhos?
A natureza é reconhecidamente uma fonte valiosíssima de moléculas com potencial terapêutico. No caso particular do câncer, a ampla maioria dos quimioterápicos, aproximadamente 70%, são produtos naturais ou moléculas derivadas de deles. Os projetos científicos são baseados em hipóteses, afirmações temporárias passíveis de testes empíricos realizados para sua confirmação ou rejeição. A nossa hipótese é que "As moléculas produzidas por organismos marinhos podem inibir tumores". Como o ambiente marinho é bem menos conhecido que o terrestre e não dispomos de conhecimento tradicional para uso terapêutico de organismos marinhos, a hipótese que testamos é baseada na observação de relações ecológicas complexas entre macroorganismos e microorganismos no ambiente marinho. Nos oceanos encontramos a maior diversidade genética e biológica do planeta. Isto se deve a uma enorme variedade de relações moldadas pelo processo evolutivo, desde o início da vida, e favorece a produção de moléculas com altíssima variedade de estruturas químicas, bem como de atividade biológica, inclusive citotóxica e imunomoduladora. Apesar do estudo de produtos naturais marinhos ser bastante recente, 4 novos fármacos anticâncer oriundos de organismos marinhos foram aprovados nas últimas duas décadas para o tratamento de tumores até então considerados incuráveis.
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